quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Abstrato e concreto.

Em todo esse tempo transcorrido ainda existe o fantasma da dúvida assolando a cabeça da menina. Ela não consegue compreender que a vida pode ser muito mais do que tragédias ou explosões de felicidades, sonhos ou pesadelos. Para ela a vida se resume ao 8 ou 80. Tudo ou nada.

Ele a ama. Porém depois de tudo que eles viveram e lutaram, ela não reconhece a imensidão do seu amor, ou mesmo a imensidão complexa do que Ele é. Ele pode, sim, ser complexo, mas dentro dele existem sentimentos e noções que se tornaram verdades universais. Isso, ela e todos aquelas pessoas que o amam de diversas formas deveriam conhecer.

Provavelmente ele não deve mudar, por enquanto. A vida segue com a força da mudança, mas se não existisse uma certa rigidez vital, não haveria nada. Tudo seria tão passageiro quanto o sol e a lua. Tudo seria tão ilusão quanto desilusão. Não haveria diferença entre concreto e abstrato. O sonho seria real e a realidade, sonhada. Ele deve permanecer o que é.

Ela deve acordar e perceber que tudo ainda está do jeito que sempre esteve.
Ele, Ela, Eles.
Chega de sonhar a realidade, menina. Você simplesmente deve VIVÊ-LA.
Nem tudo é como se espera ser.

Pensante.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Homem-formiga.

O medo do passado transforma as pessoas em humanos incompletos.
Já não há esperanças para aqueles que possuem apegos no pretérito.
Aqueles que vivem o hoje, mas pensam no ontem, ficam presos no lapso de tempo que o coração magoado criou.
São cordas de mágoa e decepção que envolvem os pés e limitam os passos.
São ondas que caminham contra a maré do bem-estar.
São lágrimas que amarelam o sorriso verdadeiro.

Cabe a você ir sempre em frente.
Porque, tenha certeza, nenhum empurrão possui a força do seu impulso.
Nem as cordas que te prendem possuem sua resistência.
Nem as ondas que te afogam possuem tamanho fôlego.
Nem as lágrimas que te embaçam os olhos possuem a nitidez de sua decisão.

O máximo que um choro pode trazer é o triste afogamento das formigas do seu quarto.
Cada lágrima que cai, é uma tragédia.
Pobres formigas batalhadoras que não sabem o que é o sofrer.
São vitimas de um sofrimento molhado que não pertence a vocês.
Invisíveis ao olhar marejado do triste amante.

Às vezes me sinto um homem-formiga.
Sufocado nesse formigueiro que se chama vida.
O jeito é entrar na fila e nunca parar de andar.

do pensante.

sábado, 6 de novembro de 2010

A chamada do paraíso.

Naquela sexta-feira, dia 8 de julho de 2004, eu estava na casa dos meus avós. Era uma casa incrivelmente antiga e diferente. Acredito que minha bisavó, Carminha, tenha a deixado para minha vó, Léa. A casa tinha um ar imperial. Era grande, com a fachada branca, diversas pilastras, e portas muito maiores das que nós vemos atualmente.

A familia Pinheiro Silva estava toda reunida para relembrar os 10 anos de morte do meu avô, João - conhecido como "Jota". Essa era uma tradição da familia: a cada 10 anos de morte de algum ente querido, nos reuníamos para relembrar, para reavivar sua memória em festa.

A família Pinheiro Silva acredita que o amor é eterno e que lembrar com alegria a pessoa que já se foi, é um ritual que tem como objetivo, não só transmitir a saudade que sentimos, mas também agradar aos falecidos juntando toda a família.

Naquele dia, todas as mulheres estavam na grande cozinha azul da minha avó e os homens, conversavam no grande salão. Eu ainda tinha 14 anos e não achava muito divertido ficar ouvindo as conversas malandras dos garanhões da familia, e muito menos as conversas de negócio e política dos mais velhos. Fui para cozinha, mas não achei entretenimento algum ao ouvir as mães, tias e primas fofocando a vida alheia, ainda que tenha ouvido algumas coisas interessantes. Acho que minha tia Cláudia está grávida, mas ainda não disse para o meu tio.

Em seguida, resolvi passear um pouco pelo casarão. Me sentia em outra época, uma época que nunca vivi, mas que leio constantemente nos livros de história. A época dos cavalos, dos imperadores, do "vós mecê", dos escravos. 

De repente ouvi um telefone tocar...TRIMMM, TRIMMM ... Botei as mãos nos bolsos, mas não tinha trago o meu celular comigo. O telefone continuava a soar. Seguindo o som, entrei num quarto estranhamente familiar. Acho que já tinha estado ali, era o quarto de ferramentas e outras bugigangas do meu avô. Lembrei que brincava bastante ali quando meu avô ainda era vivo. Eram memórias enevoadas: só lembro nuances, silhuetas e sorrisos. 

O telefone, que estava num móvel ao lado de uma cadeira antiga, tocava.. TRIMMM TRIMMM ... Era um telefone antiqüíssimo, grande, marrom e dourado.Cheguei perto e me assustei quando vi que o telefone não possuía fiação alguma. Tocava por si só, sem nenhuma energia elétrica em suas veias. Ele tocou mais uma vez, mas em um volume estrondoso! TRIIIIIIIIIMMMMM! ! !

Saí correndo rapidamente dali e tropecei no corredor que dava para o grande salão. Meus primos garanhões riram e zoaram da minha cara de medo. Passado algum tempo, cheguei um pouco perto do quarto novamente mas não ouvi som algum. Não ousei entrar no quarto. Mas acredite, não tinha sonhado, eu podia sentir as vibrações sonoras nos meus ouvidos alguns minutos atrás.

Já faz seis anos que isso aconteceu, e, ainda que eu não o tenha atendido, eu nunca vou esquecer o dia em que meu avô tentou me ligar do paraíso.

Do pensante.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inconseqüente.

Ana estava cansada de esperar por Eduardo. Durante toda uma semana, as palavras que seriam ditas nessa noite não paravam de ser pronunciadas na calada da sua mente. Ela estava decidida e não iria de maneira nenhuma voltar atrás.

Ela acordava todas as manhas pensando em dizer isso para Eduardo, mas ela era tão perfeccionista que não poderia desperdiçar tais palavras em uma paisagem que não condizia com seu sentimento. Ela é daquelas pessoas que são tão pacientes que engolem o próprio desejo de gritar, contestar, responder, visando o alcance dos seus sonhos futuros perfeitos.

Finalmente esse dia havia chegado. Ela estava no ponto de ônibus em frente a uma pequena lanchonete de esquina que vendia crepes suíços. Já era aproximadamente 23 horas de uma sexta-feira. Eduardo trabalhava e chegava tarde, principalmente as sextas, onde o trânsito nunca é fluido. Ana mais uma vez repensava cada palavra, cada possibilidade de resposta por parte dele.

A poucos minutos dali, Eduardo estava no ônibus indo em direção a Ana. Diferente dela, ele não perdia tempo para falar, agir ou estragar tudo. Ele era uma pessoa de ação inconseqüente, como dizia sua mãe. Eduardo não tinha duvidas no que falar e, sem pensar ("pra que esperar?"), ligou do seu celular para Isabela.

Isabela estava cochilando em sua cama, tinha a mania de dormir cedo e acordar tarde. Mas nessa noite, tentava rigorosamente dormir e esquecer todos os acontecimentos passados. Sonhava enevoadamente com o rosto de Eduardo lhe dizendo algumas palavras que ela não queria ouvir. Quando ouviu o celular tocar, pegou-o e atendeu-o. Era Ana, sua amiga.

- Não atenda o Eduardo, Isabela. Não atenda a ligação dele - falou e desligou em seguida.

Três segundos depois o celular de Isabela tocou novamente, era Eduardo dessa vez. Ela o atendeu.

-Isabela, eu te amo! - gritou ele dentro do ônibus - Eu te amo, meu amor! Me desculpa ter feito isso com você. Eu não pensei, eu me arrependo. Eu queria poder pensar e raciocinar, mas eu sou tão impulsivo que me perco em minhas próprias ações. Me perdoa, meu amor...

- Eu não sei, Eduardo. Eu tenho certeza que você não me perdoaria se eu fizesse isso com você. Eu posso perdoar tudo, mas eu não vou passar por cima de um principio que me torna o que eu sou.

- Mas eu sei que você me ama, e eu te amo! Me perdoa, amor. Eu faço tudo por você. Você não pode fazer isso comigo. Eu não sou nada sem você.

- Passa aqui em casa amanhã para conversarmos. - falou, Isabela, com um receio na voz.

- Eu te peço, amor. Eu preciso do teu perdão, eu preciso do seu amor, eu preciso de você. - respondeu Eduardo, e ambos desligaram.

Finalmente o ônibus passa pelo ponto onde encontra-se Ana, amiga de Isabela. No entanto, o motorista não para. Ninguém iria descer ali. Ela e Eduardo se reparam durante os segundos em que o ônibus percorre os metros daquela marquise que sombreava o corpo de Ana. Ele percebe o misto de surpresa e tristeza em seu rosto ao ver que o onibus não pararia como esperava, e ela percebe a esperança no dele, ainda que percebesse lágrimas ressecadas.

Então ela viu o grande veículo sumindo na paisagem urbana. Não pensou na possibilidade dele simplesmente não saltar do ônibus. Sentou no banco do ponto e as sombras da noite encobriram seu rosto.

Mais uma vez, Ana pensa no que ia falar para Eduardo: Eu sei que eu apareci na sua vida como um ônibus desenfreado, louco para te ter como passageiro e depois te deixar em um ponto qualquer, como esse aqui, mas eu me apaixonei por você. Eu também sei que você ainda é apaixonado por ela. Mas eu não me importo em te dividir. Eu te amo mais que tudo. Não precisa decidir agora. Agora que você está aqui, eu não tenho pressa de nada. Vamos comer alguma coisa e conversar. Eu só quero estar com você. Eu só quero poder te amar.


Ana que esperou toda a semana para lhe dizer isso, perdeu diversas oportunidades de conquistar Augusto. E tudo foi em vão. Eduardo que não exitou em declarar o quanto amava Isabela, ainda que estivesse errado, provou a si mesmo, e a sua mãe inconscientemente, que ser dessa maneira explosiva e impulsiva pode trazer alguns bons frutos. Valeu a pena tentar. Caberá à Isabela pensar em perdoar ou não Eduardo.

Não importa que a vida se transforme num labirinto de possibilidades. Se você não tentar, se você não escolher rapidamente um caminho, o labirinto pode, num piscar de olhos, virar um corredor. O corredor do arrependimento.

Pensante.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quilômetros entre corpos, centímetros entre corações.

O cenário mudou de repente. Foi numa quarta-feira que ela se foi para o interior do estado e me deixou numa aparente solidão. O que nos separa agora é uma viagem de trem, 55 minutos. Antes, somente 15 minutos à pé. Na tarde em que ela partiu eu senti que o ar entre a gente aumentava pouco a pouco, quilômetro a quilômetro.

Era diferente. Ainda que eu não a visse todos os dias da semana, gostava de pensar que ela estava ali. Na distancia de 10 minutos de corrida. Me sentia aquecido pela sua proximidade. Era confortável ter o seu amor ao alcance. Me sentia forte por mim e para ela. A qualquer momento que precisasse de mim, eu poderia estar lá. Agora, não mais.

Essa angústia diminuiu dentro de mim quando, no último fim de semana, fui conhecer seu novo lar, e percebi o quanto uma nova casa pode transformar uma pessoa. Foi um fim de semana memorável e cheio de amor. O lado bom da distancia é a saudade. O melhor é quando surpreendemo-nos pela tsunami de amor e carinho que o tempo e a distancia nos proporciona ao rever os olhos e a pele da pessoa amada.

Toda relação se inicia continuamente conforme o ambiente muda. Eu estou vivendo um novo cenário. Um cenário nem melhor nem pior. Apenas complexo o bastante para ser vivido calmamente e com muita paciência. Os quilômetros nem sempre separam as pessoas. Pelo contrário, eles agem contra a própria natureza distanciadora, tornando-se aproximadores do coração. Esse é o efeito colateral da mudança para aqueles que se amam: enquanto os corpos sentem a distancia, o coração só converge para uma explosão de alegria no reencontro.

Ainda assim, preferia você aqui. Perto de mim. Mas eu sobrevivo.

Pensante.

.

sábado, 16 de outubro de 2010

Merda.

É fácil pensar que tudo vai ficar melhor quando as aparências nos mostram tal coisa.
É difícil pensar que tudo vai dar errado quando você se esforça ao máximo para que dê certo.
É estranho pensar que depois de um dia bom possa vir um dia ruim.
É complexo entender que a vida é uma roda gigante, tem seus altos e baixos.

É insuportável ser alvo das decepções da vida.
Sem erudição, é uma verdadeira merda.

Pensante.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Alívio Turquesa.

Ela estava dentro d'água. Revestida pelo azul do mar e, embaixo de seus pés, a areia branca refletia a luz do sol juntamente com a limpidez da água salgada da praia deserta. Os reflexos eram tão intensos que tudo parecia salpicado de diamantes.

Tudo era turquesa. O céu, o mar, seus olhos e sua paz de espírito. Ela estava feliz de estar viva e feliz de poder estar ali. Era o momento de alívio que tanto buscava após as batalhas diárias contra o mundo, interior e exterior. Para ela, estar naquela água, mergulhada em paz, era, de longe, o melhor momento de sua vida.

A liberdade só pode ser sentida quando o ambiente é assim, suave e envolvente. Nunca repressivo.

Cada tomada de ar significava um sentimento. Ela tinha um fôlego de sereia. Não precisava respirar tanto. Mas quando inspirava, sentia a alegria entrar pelas narinas e enriquecer seu corpo com oxigênio que ansiava: felicidade. Quando expirava, soltava todo tipo de mágoa que continha dentro do coração, o grande pulmão da alma.

Depois de tanta luta para chegar na praia, ela só quer curtir o balanço e o aconchego do mar.

E na hora de ir embora, quando o sol se pôr e dourar o oceano, ela terá certeza de que o ultimo fôlego de alegria vai perdurar. Porque, ainda que o dia tenha acabado, terá seu pequeno nebulizador de alegria portátil: os beijos da pessoa que ama.

Ela não sabe se será eterno. Mas sabe que, no momento, é.
Pensante.

sábado, 9 de outubro de 2010

Esqueça o fim. Aprecie a paisagem.


Existem aqueles que acreditam que tudo caminha para um destino apocalíptico. Por outro lado, existem aqueles que acreditam que rumamos o caminho para a utopia.

A verdade é que tudo caminha para o fim, bom ou ruim. Eu, você e tudo ao seu redor. Tudo vai acabar desligado da realidade. Tudo vai ser enterrado qualquer hora.

Seja o seu corpo, seja o corpo da pessoa que ama, seja o corpo daqueles que você despreza. Todos acabarão num mesmo lugar. Na terra, no fim.

Os sentimentos não são eternos. Os abraços, os beijos, tudo vai se perder na memória desmemoriada do mundo. Tudo pelo que lutamos acabará quando fecharmos os olhos em meia-lua.

E o pior, não podemos levar nada para o término dos nossos respectivos tempos. É a desconexão que nos leva à formatação do nosso eu real.

O que vale mesmo é o começo e o meio. É o viver. É o caminho. Por isso que digo: a vida é feita para se viver, intensamente ou lentamente, a velocidade não importa. O que importa mesmo é a paisagem.




O Pensante.

domingo, 3 de outubro de 2010

Dedos queimados.

João acordou, mas parecia continuar a dormir naquele dia. Normalmente acordava com mais energia e disposição para encarar a vida. Hoje ele tinha preguiça e fraqueza de vontade de continuar respirando. No entanto, continuou andando, algo o empurrava. Foi ao banheiro, depois à cozinha. Deu de cara com seu irmão tomando café da manhã, sua mãe pilotando o fogão e seu pai lendo o jornal. Todos tinham sorrisos amarelos e olhares elétricos.  Um 'bom dia' e começou a tomar seu café. Algo acontecera no fogão e uma labareda de fogo subiu até o teto, foi uma sorte da mãe ter saído da beira do fogão a tempo. O fogo azul alaranjado queimou a cortina da janela e se alastrou rapidamente para o pequeno armário que guardava c óleo e temperos para a comida. João não sentiu vontade de levantar e correr ou de apagar o fogo, ficou apreciando sua beleza e seu poder, vendo sua mãe, pai e irmão se desesperarem. Um minuto, e a casa toda estava em chamas, todas as fotografias, todas as roupas de cama, tapetes, objetos eletrônicos, tudo estava cedendo a supremacia do fogo. Inexplicavelmente, João começou a sentir uma alegria o invadir. Ria feliz vendo tudo queimar: sua familia, sua casa, suas lembranças, sua vida. Sua pele brilhava, sua dor estava queimando e sua alegria fervendo. 'Enfim, estou livre', pensou.

Abriu os olhos e saiu da cama, suava um pouco. Estava com energia. Foi ao banheiro, depois à cozinha. Seu irmão tomava café, sua mãe pilotava o fogão e seu pai lia o jornal. Ficou uns bons minutos apreciando o gás que enroscava a faísca, causando a alegria da combustão, consumindo todo o prazer em fogo. As chamas gemiam para João. 'Venha ser livre...'. João refletiu, levantou, pôs a mão no meio das chamas e sentiu a dor insuportável.

'Duvido que a liberdade possa ser tão dolorosa assim.', pensou. E chorou, entre a dor e o remorso.

Pensante_

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desejo de sereia.


Agora que você me despertou, vai ter que me fazer dormir.
Pulei de um sonho para a realidade, então vai ter que me fazer sonhar.
Saí da música psicodélica só porque você desejou, agora vai ter que me fazer cantar.
Me fez esfriar meu corpo sonolento, agora vai ter que me esquentar.

Não se faça de fingida, você é igual a mim. Esperta.
Carente quando te é conveniente. Conivente quando o clima é envolvente.
Não tenha medo de mergulhar no mar que você tormentou.

Anyway, eu sou a onda que vai te afogar.

Sou o pescante que te jogou ao mar e que vai te içar.
Sou o burguês do pesque-pague que domina a lagoa.
Sou a rede que vai te salvar do cardume de peixes do desnorteio.

A maré é forte e o gingado é grosseiro.
Uma tsunami, e você já está de volta, na margem, na praia.
Não ouse me acordar de novo, sereia abusada e satisfeita.

Extasiados, a sereia e o anzol, que tal boiarmos juntos e só flutuar nas ondas do aconchego noturno?



O Pensante.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Atchim!, é o amor." (3)

Primeira bloghistória dividida em, no máximo, três capítulos do Blog "Do Pensante". 

CAP. 3 Era quase fim de ano. Dezembro. Sábado. Noite quente e abafada, parecia que ia chover. Os dois, o homem que espirrava quando sentia felicidade e a menina que cheirava exatamente como felicidade para o homem ao lado, estavam sentados juntos no sofá, com o ventilador girando e ventilando seus corpos. Eles tentavam escolher o que ver na tevê. Eram tantas opções e nenhum deles queria palpitar sobre alguma coisa, tinham medo de escolher programas que o outro não gostava. Eles não tinham gostos exatamente parecidos. Ela sempre gostava de séries policiais e documentários sobre História da humanidade. Ele gostava mais de desenho animado mesmo. Mas, ainda assim, a convivência era pacífica.

Era engraçado observar como o homem continuava a espirrar continuamente na presença da moça, sem nem pensar em tampar o nariz, depois de um ano. A seqüência de sete espirros não existia mais. Existia simplesmente espirros sucessivos. Era estranho perceber que a moça tinha realmente se acostumado aos espasmos nasais constantes, também. É que quando nós entendemos e aceitamos as pessoas, nós passamos a nos adaptar a certas situações.

Bem, já era tarde e o clima estava começando a esfriar. Não estava mais abafado. O vento batia relativamente forte na janela do apartamento do homem e, agora, o casal estava enroscado um no outro. As peles pareciam acesas, transmitindo ondas de calor em simultâneo com os olhares repletos de bons sentimentos. As cascas que cobriam o pecado começavam a cair lentamente, pouco a pouco, sobre o chão que lembrava o mar de Arraial do Cabo. Era límpido e refletia as duas almas que estavam transcendendo. A cadência involuntária, a ligação com o divino do outro, com a parte secreta que no outro existe e que nos é estranha, mas que sonhamos em descobrir naqueles que amamos com ardor. Toda a névoa de indecisão sumia e o céu fiou azul marinho. Sem estrelas, mas ainda assim magnífico. Do quente ao frio, a noite abafada virou noite chuvosa de amor sem fim.

Assim, amanheceu o dia de domingo, sem sol aparente e com nuvens carregadas para as chuvas do meio do dia. "Eu te amo, 'Atchim'.", ela falou. ATCHIM ! " Eu te amo também, kiwi.", ele respondeu. Eles acordaram e foram preparar o café da manhã. Era simples, pão e café com leite para ela, e pão e chocolate quente para ele. Porém não tinha pão fresco. Pergunta: quem iria comprar pão? Preguiça era a característica que ambos partilhavam. Depois de tirarem 3 vezes par ou ímpar, ele ganhou. Lá foi ela então comprar pãezinhos fofos e quentes na padaria que ficava na quadra ao lado. Era a ultima vez que eles se veriam.

Não me pergunte o que aconteceu. Eu, particularmente, fico surpreso ao saber que a moça sumiu indo comprar pão. Mas é a verdade. Ela estranhamente demorava a voltar com o saco de cor parda repleto com pães dourados e crocantes, e ele foi verificar o porquê. Não existe motivos, pelo menos ele não os achou. Ligou para todos os números de telefone possíveis, foi às casas da familia, amigos, conhecidos, mas nenhum sinal da felicidade.  Ele tinha medo e pânico de não saber onde ela estava. Ele a procurou por dias e semanas. E a cada 'não' que recebia, a cada sombra que não achava, seu mundo ia perdendo o brilho. A cada noite sem sua voz dizendo "Boa noite.", a cada dia sem o sorriso que tanto gostava, sua vida ia perdendo o sentido. E, principalmente, cada dia sem aquele cheiro, o fazia morrer.

O homem que espirrava quando sentia cheiros gostosos que a vida podia nos dar, continuou a viver. Mas a partir daquele domingo, sua vida mudou, seu jeito de ser mudou, o mundo, para ele,  mudou. Foi a partir daquele dia, em que o melhor cheiro de sua vida se esvaiu no meio do odor de mundo, no dia em que Ela evaporou sem dizer para onde ia, foi nesse domingo chuvoso de dezembro em que o homem se curou de sua síndrome.

Não havia explicações científicas para a cura de sua doença, a única hipótese que o próprio homem conseguiu pensar foi que nada no mundo poderia cheirar melhor do que Ela. Nada no mundo poderia ser melhor do que ela. Não existiam odores que ele considerava tão bons quanto era o dela. E como ela se foi, assim se foi tudo que ele reconhecia como bom. O que existia no mundo agora era o resto, e o resto nunca é satisfatório.

Assim, o homem seguiu em sua caminhada inodora pela vida afora. Mas esperem...
"ATCHIIIIM!", ele espirra. Era só um espirro comum ou era algum resquício molhado da Paz? Confesso que nem eu sei.


FIM.
.O Pensante.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Atchim!, é o amor." (2)

Primeira bloghistória dividida em, no máximo, três capítulos do Blog "Do Pensante". 

CAP. 2
 Era algum tipo de sadismo? Correr atrás do próprio mal-estar? O homem, ainda assim, não se conteve e correu como nunca havia corrido antes. Já estava, pela suas contas, na quarta série de espirros, lá pelo vigésimo quarto. O cheiro não saía do nariz e nem a mulher da cabeça. Ele não lembrava de tantos espirros sucessivos antes, mas isso não importava mais. Logo a frente, a mulher que cheirava a paz esperava o sinal fechar para atravessar. Fechou. Uma multidão cinza escuro atravessou a avenida rapidamente. O homem estava no meio da avenida, chegando perto do alvoroço, que era seu objetivo, e BAAM !. O sinal abriu para os carros e ele perdeu a consciência rapidamente.

"Que cheiro, meu Deus, que cheiro..", delirava ele. Ele estava deitado na beira da avenida com umas 5 pessoas ao seu redor e um cachorro vira-lata ao seus pés. Foi erguido por dois homens, e após ser questionado se estava bem e ter dito que sim, foi deixado ali, quase só. "Tudo é pressa. Tudo é tempo aqui.", ele pensou. Pelo menos teve a sorte de não morrer. Ele não podia morrer sem conhecê-la. E ela estava a sua frente agora. Ele não estava espirrando e nem se perguntava o porquê. Ele agradecia, na verdade. Ele a perguntou seu nome e ela o respondeu, assustada e preocupada com o sangue. "Que sangue?", o homem a perguntou surpreso. Ela o respondeu que seu nariz estava coberto de sangue e um pouco de asfalto solto, "...que as pistas sempre guardam para esfolar as pernas dos pedestres", ela complementou num tom de revolta. Ele riu.

Não foi o melhor jeito de se conhecerem mas, pelo menos, foi o melhor jeito de ganharem intimidade. Nada como um começo sangrento para aproximar duas pessoas. As pessoas são assim mesmo, loucas por relações que envolvam perigos e situações extremas. Somos seres que gostamos de sofrer um pouquinho, provavelmente porque a felicidade que vem depois do sofrimento se intensifica de alguma maneira. Após esse incidente o homem-espirro e a mulher de cheiro pacífico começaram a se encontrar. Era muito dificil para ambos. Para ele porque, teimoso como era, não queria tampar o nariz e parar de sentir o cheiro maravilhoso que ela exalava. E ela, porque se sentia um pouquinho culpada de ver (e sentir, as vezes) esse homem morrendo pelo nariz. O resultado no final da noite era sempre um nariz sangrando ( tente espirrar quase 50 vezes por noite! ) e dois sorrisos constrangidos nos lábios.

O homem explicou detalhadamente sua vida para a moça, e ela, durante toda a falação, o olhava, perplexa. Eles riam com alguns momentos. Inclusive, teve um especialmente engraçado quando ela contou que já tinha espirrado no meio de uma audiência num Fórum regional perto da casa dela. "Quase morri, porque foi exatamente na hora em que o juiz ia declarar a culpa do coitado.", ela falava. "Coitado? Ele não era culpado? Ele foi erroneamente acusado?! Se for isso, realmente, ... coitado.", o homem a questionou. Em suma, a situação era essa: o 'coitado' era acusado de improbidade administrativa, a mulher que cheirava a sorriso era a advogada de defesa do seu 'adversário'. Ele virou um coitado (somente na visão da moça cheirosa) porque fora o alvo de seu espirro. "Coitado... ele já ia ser acusado e, pra piorar a situação, ainda espirrei na cara dele", falou a mulher, terminando com a história que, por acaso, ficou conhecida dentro desse Fórum como " A História do Culpado Escarrado".

Bem, depois de alguns encontros e, pode acreditar, MUITOS espirros, eles começaram a ter um relacionamento mais sério. Muitas ocasiões de desconforto e muitas ocasiões hilárias aconteceram, dessas que acontecem na vida de qualquer casal, sabe? Não importa se são banais.Além de tudo, elas são reais. E isso faz um relacionamento virar, também, real. Os acontecimentos dão forma à vida das pessoas e dão formas às pessoas. E esse casal estava virando um bonito casal. Ela havia se acostumado com o problema dele e não ficava mais desconfortável. E ele continuava amando sentir o cheiro dela. Principalmente pela manhã, quando, nos finais de semana, ela dormia na casa dele e eles se amavam de manhãzinha, sentindo cheiro de sol nascente. Sempre ao som de espirros, que virou a trilha sonora do casal.

Já fazia quase um ano que eles estavam juntos. Tudo corria bem. Até um marcante acontecimento em suas vidas.

Continua... ( no último capitulo!)

Pensa-ah-ah- ATCHIM!-nte.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Atchim!, é o amor." (1)

Primeira bloghistória dividida em, no máximo, três capítulos do Blog "Do Pensante". 
CAP. 1
O homem tinha a síndrome dos sete espirros. Era um tipo de doença desconhecida e não-maligna ao corpo, porém, em certas ocasiões, era extremamente perturbadora. Tudo começava assim: todas as vezes que ele sentia um cheiro que o agradava muitíssimo, como cheiro de kiwi, por exemplo - ele adorava o cheiro cítrico de cor verde do kiwi - ele começava a espirrar. Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, ATCHIM!. Pronto... Sete vezes. Respirava e se afastava o máximo que podia do kiwi e do seu cheiro de natureza.

Ele conseguia viver tranqüilamente. Afinal, no mundo de hoje, dificilmente conseguimos sentir odores que nos agradam tanto assim. Tudo, aparentemente e olfatoriamente, está mais inodoro que o normal. As cores e os cheiros parecem estar em estado de sépia. Amarelados e monocromáticos. No entanto, de vez em quando vivemos situações de prazer físico, seja pela boa comida, odores de bons perfumes, ou até o prazer carnal, eventualmente intensos e duradouros. O homem, infelizmente ou felizmente, devido ao seu problema nasal, não vivia essas situações com tanta freqüência.

Freqüência é a grandeza física que visa medir a quantidade de eventos em um determinado intervalo de tempo. E no intervalo de um determinado ano, o homem alterou a freqüência de seus sete espirros sucessivos.  

Era janeiro e o homem foi ao centro da cidade no começo da tarde. Era quase uma hora e o sol parecia estar  ao lado dos transeuntes. No meio de todos eles, queimando-os, assando-os, fritando-os. A paisagem estava ondulada de tanto calor. Apolo* estava castigando a região. Enfim, ainda assim o homem tinha que cumprir seu dever. Ele sentia o odor das esquinas podres, das pessoas suadas, dos homens de terno que fediam a asfalto. Aquela era o tipo de situação na qual a síndrome nunca iria atacar. Tudo era fétido. Menos ela.

 
Ele não reparou quem era. Não viu a silhueta, não percebeu a cor do cabelo nem dos olhos. Não ouviu o som dos passos nem viu a etnia. Só sentiu o melhor cheiro de toda sua vida. Não era cheiro de perfume. Era um cheiro humano, cheiro de epiderme, um odor suado indescritível. Era um cheiro azul bebê. Melhor que cheiro de criança recém-nascida. Virou subitamente para trás para ver que cheiro de paz era aquele. O cheiro se encaixava na casca. Era uma das mulheres mais interessantes que ele já viu. Não era linda nem maravilhosa. Era a imagem do odor. A mulher que transmitia paz pela pele. 

Ela o olhou de modo estranho. E ele a sentiu em seu nariz. "Merda", pensou ele. Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim ! e ATCHIIIIMMMM! "Merda, merda, merda...". Mais uma vez, espirrou mais sete vezes. Quando recuperou o fôlego no décimo quarto espirro, a mulher já estava a uns 300 metros de distância. Ele correu atrás dela, mesmo com o nariz queimando em partículas que saíam em velocidade constante. " Da próxima vez, ponha a mão no nariz, seu panaca", pensou o homem. E continuou a correr atrás do melhor cheiro que seu nariz já captou.

Continua.... 

*Apolo, Deus do Sol na mitologia greco-romana.


domingo, 5 de setembro de 2010

My love doesn't love me anymore.

Good night, my dear. Sleep well.                                         
Good night, my love. I'll be here by your side...
Did you like the day, my love?
I have to tell you. I don't have to hide.

What's going on? Is there something wrong?
I don't know anymore what is life for me...
But, my love, tell me ecxactly. What are you worrying about?
Life is not happy anymore, you see.

Am I guilty? Did I do something?
You're not guilty, but it doesn't matter. I'm going.
What do you mean, sugar?
I'm mean I can't stand this life. I need to live. I'm going.

What about me? What about us?
This is "Us" last night. I'm sorry.
You don't love me anymore, so...
Is more than love, more than hate. I gotta go.

Then she went away. Went to nowhere.
After I left him, my shoulders are lighter.
I hope she's okay. I hope she come back.
After I left the sun shines brighter.

A month has passed and she didn't appear.
I've been walking all this time, smiling.
My love doesn't love me anymore.
That's the end. That's my beginning. I'm flying.
THE END.

*Desculpas a todos que não falam inglês. É que em português os versos não rimam e eu quis diferenciar um pouco a língua escrita do Blog. 
Pensante.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ganhando.

Persistência não é para qualquer um. Essa virtude é para aqueles que querem crescer. Para aqueles que não se importam tanto com o caminho, e sim com a chegada.

É preciso ser persistente para viver melhor. É preciso, às vezes, olhar sempre em frente, esquecendo as bonitas paisagens ao redor do caminho para se chegar onde se deseja.

Ande sempre em frente mas olhe bem para o chão onde pisa. Porque buracos e poças d'agua sempre estarão no caminho, não tenha duvidas.

Outra coisa, não precisa correr. Mantenha o ritmo e nunca pise ou empurre ninguem. Chegue lá com seus proprios pés, bebendo da sua propria agua, suando o seu próprio suor.

Aquele que perseverar até o final nem sempre é quem recebe troféus mas é quem ganhará consigo mesmo. E essa é a melhor vitória que podemos conseguir. A vitória do eu.

 Pensante .

sábado, 14 de agosto de 2010

Sutil brilho traduzido.


Explosão. Implosão. Tempestade. Sentimento que perfura a racionalidade.
Fraqueza. Incontinencia. Lagrimas. Engulindo cada rio que desagua nos olhos.
Eu continuo seguindo com sorrisos reais. Dentes refletem o que eu realmente sou.
Foi decidido que minha felicidade é uma escolha. Agora vou que vou.


Para um universo igual ao que era antes. Mas com um habitante diferente.
Todos sabem que o mundo muda quando muda, a gente.
O eu-lírico escreve sobre a melancolia, mas sente satisfação com a vida.
Por tras de toda verdade, sempre se esconde uma contradição.

Explosão. Implosão.

A verdade é que não há verdade. A realidade é relativa a cada sorriso, a cada rio desaguado.

Tudo isso pra dizer que não importa os obstaculos, eu sou feliz.
Esse sorriso no meu rosto, neste momento, se transforma em raiz.
Base do meu ser. Primeiro rabisco de alma.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças.

Pensante.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Turista e a Onda.

O cantor francês cantava de maneira extremamente rápida e convincente e o pobre turista tentava entender o que ele cuspia de maneira afinada e ritmada. Pobre turista, não saberá identificar o porquê de todos ao seu redor estarem rindo. Provavelmente deve ser uma musica engraçada. Mas do que adianta agora? Você será levado pela onda contagiosa de risos, e devido a sua fraqueza à primeiras impressões, mesmo de pessoas que você não conhece, você rirá junto, tentando se reconhecer na multidão. Você será cumplice do que acontece na maior parte do tempo na maior parte do mundo. Você foi levado pela onda do popular, do comum.

A música engraçada, ou não, terminava e, de repente, todos pareciam chocados. Os olhos não estavam esbugalhados, mas sim, no mínimo, surpresos.  O turista se perguntava o que acontecia já que há um segundo atrás toda a platéia ria com a piada musical, ou alguma situação no palco que por acaso ele não viu?, e agora estavam dessa maneira. A onda e a vulnerabilidade. Ele abriu sistematicamente os olhos e utilizou-se do seu dom de atuação, o qual aprendeu com sua fraqueza,  para imitar um rosto de espanto, deixou a maré levar. Ele se molhou mais uma vez. Um dia você pode se afogar.

Aquilo não podia estar acontecendo. A situação se diferenciava, como se tivessem trocado um ambiente por outro. A onda tem várias marés. Os espectadores davam tres voltinhas em volta do corpo e depois davam um pulinho sutil. Um, dois, três e pulinho! E a musica parecia  voltar a ativa. Uma musica que não condizia com a estranha coreografia. A onda e a ultima respiração. O turista errou no começo, sempre confundia a terceira voltinha com o pulo sutil. Depois de alguns erros perceptíveis pelas pessoas a sua volta, e por pequenos mas memoráveis olhares repressores, ele alcançou a perfeição do ridiculo passo de dança frances.

O turista não percebeu que depois de um tempo a onda começou a jogá-lo de um lado para o outro, e até a dar pulinhos!, ela o manipulava, e ele, pobre coitado de mente fraca, nem tentou lutar contra o senso comum. O turista foi afogado na onda. Perdia o que tinha dele proprio para dar aquilo que os outros exigiam. Ele cedeu. O que é fraco a maré leva. Ele vai se arrepender o resto da vida por não ter aprendido frances.
O que fazer agora? C'est la vie.

Pensante.

sábado, 31 de julho de 2010

Cápsulas.

Sentimentos são como pequenas cápsulas, umas azuis, cor do céu, e outras vermelhas, cor do sangue. Somos viciados nestas malditas e benditas cápsulas sentimentais. Nascemos do prazer, sentimento multicolor que suga energia e dá mais vida, e morremos com o sentimento mais vermelho que existe, o adeus.

As cápsulas do céu são aqueles sentimentos que preenchem o corpo, que acrescentam, que nos dão energia de seguir vivendo. As cápsulas do sangue são aquelas que nos sugam a força vital, nos desgastam, nos fazem cambalear e fechar os olhos em lágrimas ou angústia.

Malditos sentimentos que nos viciam e que nos fazem sempre querer mais. Nem se comparam as drogas mais ilícitas que existem nos tempos contemporêneos. Eles são cracks eternos.

Quando os estudiosos acharem a cura para os tais sentimentos, seremos seres melhores. Seres que sabem viver sem depender de malditas cápsulas azuis (e não falo do viagra)!
Até esse dia, todos dependeremos das drogas para não parar a viagem, para prosseguirmos andando nos becos sujos desse mundo de  viciados. 

Aparentemente, foi descoberto que as cápsulas dos sentimentos que sugam a força estão cada vez mais baratas e grande parte do mundo as consome inconscientemente de sua cor de sangue. São as unicas que eles podem conseguir.

Quanto a mim, posso dizer que sou um maldito e inconsequente crackudo dos dois tipos. Ao mesmo tempo que a felicidade me preenche, as ligeiras tristezas me sugam por um canudo que fura diretamente minha alma.

Canto para mim mesmo: "♪ They tried to make me go to rehab; But I won't go-go-go ♪ ".
A Amy deve ter passado pelos mesmos maus-bocados que eu.
É tão bom não estar sozinho nesse mundo drogado.
Vou tomar mais uma capsula, de preferência azul. To precisando.


Pensante.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O olhar esconde a luta do cravo e da rosa.

Mais uma vez o quarto era alaranjado. Possuia, dessa vez, uma nuância rosada no oxigenio que respirávamos. Cada vez que se inspirava o ar doce artificial, intragávamos também a ansiedade de um amor bem feito. E assim, mais uma vez, com um pouco de hesitação, iniciamos a batalha.

Era dificil lutar somente com armas inseguras contra a parede ultra forte. O amor sempre pode mais. E nos esforçamos . A dor era intensa e suada, os efeitos psicologicos assolavam nossos corações. Eu quase desisti. Esperneei. Mas ela é muito insistente (e como me amava!).
Mais uma rodada nessa guerra.

Hoje, estabeleceu-se o meio termo, sem ganhadores e sem perdedores. Ambos os lados abalados, inclusive a parede. (Apesar de eu achar que na proxima venceremos de lavada!)

Há alegria e exaltação no meu olhar, mas seu reflexo traduzido, mostrará um pouco de insegurança e cansaço. É surpreendente o quanto um olhar pode mostrar e o quanto ele pode esconder.

O cravo e a rosa, cansados e com grandes sentimentos um pelo outro (amor), continuam lutando em seu objetivo. O amor pleno, sem barreiras.
(te amo)
Pensante.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A empatia entre amantes é o que vale quando não se tem o que ambos querem.

Estávamos no quarto sem o menor medo, cheios de coragem. O amor transbordava pelos poros e a brisa suburbana da manhã parecia que vinha do mar de Arraial. O quarto tinha uma aura laranja e todas as paredes pareciam não existir. Liberdade é o bem mais necessario.

Amor concreto não é tão facil. Então nos amamos metafisicamente. Nos olhamos - as almas se tocaram, dois algodões sem massa e, finalmente, transcenderam.

Quando voltamos ao quarto, sutilmente desconcertados pelo não-acontecido, mas extasiados pela transcendência do fato que é ultrapassar os obstáculos de maneira feliz, "sem culpas hoje", nos abraçamos.

Senti a empatia. Senti. 

O dia não parece completo, mas pelo menos acabou feliz.
Lembrei de um trecho de uma musica: " Hoje eu só quero que o dia termine bem..." (Simples desejo - Luciana Mello) 
É o que aconteceu.
(Te amo).

Pensante.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Palavras pensadas são menos pesadas.

Quem disse aquilo, hein? 
Eu não lembro exatemente o que foi dito, mas me preocupa muito que digam isso transloucadamente sem pensar na conseqüência.
As palavras são mais duras do que nós podemos imaginar. 
Parecem abstratas mas são muito mais concretas que um pedaço de concreto.
Aliás, machucam muito mais que um pedaço de concreto quando jogadas em nossa alma.
Palavras são tão fortes e tão poderosas que salvam e matam, curam e adoecem.
Enfim, por que disseram isso?!
Não sabem pode dar em prisão? A lei culpa por palavras malditas!
Sim à liberdade de expressão. Não contra a falta de respeito!
Da próxima vez, use sua palvra com mais sabedoria. Porque dessa vez, suas inconsequentes palavras te levaram ao inferno.
O inferno do arrependimento e do remorso.

Pensa antes de falar.

 

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Poema do caderno azul.

À La Paz

Eu nunca tinha amado.
Agora me sinto bem.
Eu nunca tinha amado.
Do destino, não sou mais refém.

O que Ele me prometeu ao nascer
Felicidade e satisfação
Me recompensa sabendo que tenho alguém.
Todo amor e toda a paixão.
 
Eu que sempre quis viajar o mundo.
Sozinho, não quero mais.
Por enquanto passeio dormindo em você.
Roma, Grécia, Istambul, ...
Finalmente, La Paz.


pennte. 

domingo, 20 de junho de 2010

Minutos de Sabedoria, muito obrigado.

Um livro chamado "Minutos de Sabedoria" me salvou.
NÃO desanime, não pare no primeiro degrau da ascensão.
Se a dúvida o assaltar, se a tristeza bater à sua porta, se a calúnia o ferir, erga sua cabeça corajosamente e contemple o céu iluminado e tranquilo.
Embora recoberto de nuvens, você sabe que elas passarão, e o céu voltará a brilhar.
Siga em frente, que todas as nuvens da existencia também hão de passar e voltará a brilhar o sol da alegria.

Amo o destino.

Pensante.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os frutos da tristeza.

No mundo de hoje, e creio que em qualquer outro periodo da Historia, a busca e o aproveitar da felicidade é o principal objetivo de vida dos homens e mulheres. Na verdade, a busca pela felicidade é considerada por alguns teóricos como um direito fundamental de todos os seres humanos e se é direito fundamental, é original da natureza humana.

Quem não quer se satisfazer completamente em todas os momentos da nossa pequena e curta vida? Curtir adoidado, ganhar torneios, viver um lindo e eterno amor, chegar sempre em primeiro lugar na corrida do saco, simplesmente ter um dia tranquilo e poder dormir bem. Nós somos assim. Todos nós. 
Quando não logramos o esperado, a vida, não sempre, mas muitas vezes, desaba. Como já dizia a musica:
"Vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre ganhando nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar." 
A vida é um perde-ganha finito.
O reflexo da tristeza e da derrota nos traz dor e sofrimento. Tentamos pular a 'fase do choro' para a 'fase do continuar a viver'. É aí que perdemos de verdade o aprendizado do jogo.
Saibam todos que para conhecermos a alegria de verdade, é necessario viver a tristeza. Afinal, qual é o valor de um bom momento quando não existe um outro a se comparar? Qual o valor da felicidade para aquele que nunca sofreu?
Não é uma apologia ao sofrimento, mas sim ao respeito do processo da tristeza e amadurecimento da felicidade. Tenha certeza que se você estiver sofrendo agora, leitor, sua felicidade de amanha vai ser muito mais significativa e brilhante.

Pensante.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu sempre espero pelo melhor.

- O que acontece com a neve quando ela derrete, Tohru?
- Ela vira água! ^-^
- Não... a primavera chega.
(Diálogo retirado do mangá da autora Natsuki Takaya, "Fruits Basket") 


Pensante.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Sócrates in Love"


Que ironia falar de amor quando não se ama. Ele é muito mais do que qualquer um sabe. Ou não. De repente é pura ficção. Não existe amor. Foi a sociedade que o criou para estabelecer o tipo de vinculo mais forte que existe. Ou não. Ele realmente pode existir. Só não é possivel nomina-lo com um nome que esteja a altura. Deve ser como a saudade. Um sentimento que não tem nome na maioria do mundo. Mas acho que não dá pra comparar a saudade com o amor, certo? Ou não. A saudade é um sentimento muito forte. É um sentimento eterno. O amor é eterno? A saudade é eterna? Alguem pode sentir minha falta com grande apreço eternamente? É isso mesmo que é saudade? E o que é amor? Alguem pode gostar de mim em uma escala maior que o "gostar" normal? Eu sei que eu amo, mas não sei o que é. Só sei o quão forte é. Será então que o amor é classificado pela grande força de um sentimento de apreço, admiração, que sentimos por outro individuo? Ou será que não? Não sei o que é amor, só sei que amo. Não sei o que é saudade, só sei que sinto.

Só sei que nada sei. (Sócrates)
Pensante.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Crianças: diabinhos ou influenciáveis?


Ontem (15.04.10) eu estava no ônibus voltando pra casa após a cansativa aula de estatítisca da faculdade. Cheguei um pouco mais cedo no ponto de onibus e tive a sorte de encontrar o onibus parado como se estivesse me esperando. Entrei, paguei a passagem -cada vez mais cara, por sinal- e me sentei no fundo do veículo. Abri minha pasta, tirei o mp3, pus os fones no ouvido e começei a viagem ao som de Amy Winehouse - o primeiro cd, Frank.

Estavamos atravessando o aterro do flamengo, que paisagem linda, que paz, que brisa. Que soul nos ouvidos. Que momento bom.

Lembrei que tinha que acabar o capitulo do meu atual livro de distração, "A Festa do Bode", do meu autor preferido, Mario Vargas Llosa. Abri o livro e continuei o capitulo 5, no qual os ex-aliados do ditador da republica dominicana, nos anos 40-50-60, Rafael Trujillo, armavam uma cilada para matá-lo e acabar com o periodo de 30 anos de autoritarismo que assolava os dominicanos.

Enfim, conforme lia e ouvia, via também o trajeto do onibus. Já chegando perto de Olaria, bairro onde eu moro, vi uma cena que me assustou um pouco. A dois bancos a frente do meu um homem estava lendo uma biblia. Do lado de fora, no transito, um carro que levava varias crianças, voltando ou indo pra escola, já que estavam de uniforme escola, andava paralelo ao onibus.

A cena: as crianças, 3 pequenos individuos, dois meninos e uma menina,botaram as mãos para fora do carro e começaram a dar o dedo do meio para o homem que lia a biblia. Aquilo me surpreendeu. Eles continuaram a mostrar o dedo para o homem e riam com as bocas escancaradas, fazendo graça do homem. O homem, então, pegou a biblia, abriu em algumas paginas, e a esmagou na janela, mostrando para as crianças. Tentativa de exorcismo? Sei lá.

As crianças são seres altamente influenciaveis e, infelizmente, estão sendo transformados na fotografia da sociedade brasileira no que diz respeito a banalização dos xingamentos e das violencias psicologicas.

O pensante.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mudança: Pensante.

A vida é um grande mudar.
Cheia de reviravoltas.
Repleta de dias e noites.
Do casulo, uma borboleta.

Alguma coisa devemos aprender.
Todo o novo que vira velho deixa algo.
Descubro que um figurante não é o bastante.
Mesmo no anonimato, sou um pensante.

Se você quiser pensar junto, venha.
Se quiser apenas ler, venha.
Se quiser mudar, venha.
Se quiser permanecer, venha.

Não espere grandes revelações.
Só reflexões.
Porque a mudança está dentro de cada um.
E eu estou fora de todos.

Pensante.