segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Poema figurado...



Vento, Chuva e Sol
( Yhuri Cruz)

Está ventando.
E quando venta assim,
sinto os seus cabelos envolvendo meu pescoço.
Como no nosso carinho gostoso.

Agora quase chove.
E quando quase chove assim,
lembro dos beijos seguidos de sopros.
Daquele frescor repentino.
E daqueles carinhos vespertinos.

De manha deve fazer sol.
E quando fizer, vou lembrar.
Que o sol é como nosso amor.
Sempre volta para dourar o mar.
O mar das nossas emoçoes.


Te amo, linda.
Você é minha inspiração.
O figurante.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sinta o simples.


A simplicidade é algo que realmente está escasso na vida do planeta terra em geral. A tecnologia tomou conta dos nossos corpos e mentes. Você consegue ver isso?

Mais e mais somos soterrados de bugigangas das quais dizemos ser uteis. Usamos celulares andróides, Mp27 (aqueles nos quais é possivel, alem de ouvir musicas e videos, tirar fotos, receber carinho, serve de papel higienico e até escova de dente!) , cameras capituradoras de almas e tênis com tecnologia de ponta! -.-'

Assim como nossos corpos, a racionalidade humana também perde a sua simplicidade. Nossos pensamentos mais comuns e corriqueiros, agora são pensamentos robóticos e "informáticos".

Não pensamos mais em ver as estrelas, mas sim em ver a tela assustadora de um computador. Esquecemos de pensar no que podemos brincar ao ar livre, para simplesmente jogar video game. E ao invés de olhar o mundo que está a nossa volta, passamos o dia em frente a televisão.
Não critico a tecnologia, somente a repreendo em excesso. Porque, com ela esquecemos dos verdadeiros prazeres da vida.

As coisas mais banais, quando são vistas sem pressa e de perto, e não por uma tela LCD 52', podem se tornar fonte de inspiração pra toda uma vida.

Sei que é um paradoxo eu estar falando com vocês através da tecnologia a qual eu critico, mas podem acreditar que não deixo esse blog me impedir de viver minha vida de maneira humilde. É que ele só um meio de comunicação com o mundo.
E essa mensagem é para o mundo. Pelo menos para o meu mundo pequeno.

A frase é quase um cliché nesse mundo tão inovador, mas não custa nada repetir , certo?
Viva a vida com simplicidade, porque as melhores coisas da vida são aquelas mais corriqueiras.

Talvez a vida seja só respirar... viu como é simples?


O figurante.

sábado, 19 de setembro de 2009

Pessoas e sapatos...


Dois tenis em um canto de um quarto escuro ainda estavam acordados. Seu dono já dormia, e agora, o único chiado audível era dos sapatos tagarelas. Ambos do mesmo par, estavam sujos e surrados. Provavelmente eram do uso cotidiano do menino.
Eu sou uma meia, e estava jogada em cima da cama. Estava tentando dormir, no entanto, era impossivel não ouvir os dois sapatecos fofocando a noite toda.

- Calado, esquerdo. Você fala muito. Pensa que é superior só porque se encontra menos surrado e encardido do que eu! - chuta o tenis direito, cansado.
- Não mande eu me calar, direito! Isto está óbvio. Eu sou um calçado muito mais conservado que você. Fisicamente e psicologicamente, claro. Porque nem batendo bem da cabeça você está - chuta o esquerdo.
- Quem é você pra chamar os outros de maluco?! Não se deve julgar um livro pela capa. Assim como não se deve julgar um sapato pelo solado.
- Só fala isso porque está assim desse jeito. Tenho certeza que se estivesse em meu lugar, sendo um pé muito mais conservado, estaria me apoiando - desfarça.
- Isso é você que pensa. Sou muito orgulhoso pelo meu estado. Se você não sabe, ser o sapato mais surrado é significado de vitória para mim. Quer dizer que eu sou o amortecedor do pé de apoio. Eu sou a base. Eu sou o tenis mais prezado. Por isso sou o mais usado- desabafa o direito.
- Você está ficando maluco.
- Não, não estou. Os calçados mais usados, são aqueles que são mais estimados. São os mais confortáveis de se usar, e os que dão mais segurança ao usuário. - chuta o direito - Assim como as pessoas. Aquelas com quem construimos uma relação afetiva maior, onde haja um uso constante de confiança e a reciprocidade de amor, são as mais prezadas e que dão apoio. - concluiu.

Após a longa discussão, eu , a meia, me perguntava se um sapato podia durar pra sempre... Tinha certeza que não. E nem as pessoas. Mas diferente de tenis, as pessoas, com o tempo, não ficam mais surradas e arrebentam de felicidade por aí. Com o tempo, as pessoas somente se fortalecem, virando verdadeiras familias.

- Mas e as meias?- Me perguntei.

Sem perceber que os pés dos meninos estavam bem atrás de mim, eles falaram com sono, porém sorridentes:

- Assim como as pessoas, as meias aquecem. E isso já está de bom tamanho.

Depois disso, dormi bem, para poder exercer minha função com excelencia na manhã seguinte.


O figurante.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Eu ainda sou um rascunho, mas o lápis é meu.


Eu sou um rascunho de mim mesmo. Sou uma simples ideia jogada no papel da vida... Uma simples personagem sem roteiro definido no meio de tantas outras.
Mas eu sou um rascunho com potencial. Não tenho duvida quanto a isso. Fui desenhado por um lápis de uma boa familia. Minha índole pouco a pouco está sendo rabiscada com mais força na folha de papel.
Meu papel pode ser que não tenha tamanha importancia para essa grande revista em quadrinhos do mundo. Mas tenho certeza que o meu capítulo vai ser o melhor que o desenhista já fez.
Terá ação. Emoções fortes, divididas entre muitas alegrias e o suficiente de tristezas para que haja o amadurecimento da personagem. Muitos combates e sagas de tirar o folêgo de qualquer leitor. Romance... Aiai... todo herói deve ter sua moçinha, certo? E deve ter o vilão também.
Sabem o que dizem? Dizem que o vilão deve ser tão bom quanto o herói. Deve ter uma história tão interessante quanto a do protagonista. E terá!
Pode deixar que na minha história vai haver muitas cenas emocionantes, surpresas de deixar qualquer um boquiaberto, quebras de ciclo e da rotina.

Por enquanto ainda sou um rascunho, mas pouco a pouco meu desenhista vai me arte-finalizar. Ele vai usar o melhor nanquin do mercado. As cores mais vivas da aquarela. E vai me encadernar, fazendo com que eu viaje para cada país desse mundo... espalhando minha história por aí.
Bem... esse é o plano.

Eu sou um rascunho de mim mesmo. Ainda.
Mas a melhor parte é que eu sou meu próprio desenhista.
Não preciso de ninguém para me moldar.
Faço isso eu mesmo.
E o meu vilão? É a borracha, oras! O que mais podia ser?
Mas você sabe o que vence qualquer borracha?
Um bom grafite segurado com força e decisão.
E isso eu tenho.

Mas e você? É seu próprio desenhista?
Ainda dá tempo.
Desenhe-se e crie seu proprio Storyboard.


O figurante.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Gravidade vital.


A vida é uma bola. Gira , gira, em um rodar de acontecimentos. Uns ruins e outros bons. Todos formando o que nós chamamos de História. Sim. Porque há uma diferença entre o termo história (com h minusculo) e a Historia (com h maiusculo).
O termo historia é algo mais particular. É algo que se refere a particulares.
Cada um possui sua história e mais um milhão de outras para poder contar. A história de um amor não correspondido; a história da vida do meu avô.
Agora, História é algo universal. É a história do Mundo. A grande História das civilizações.

O que desejo dizer é que a história de cada um de nós é que forma a História do mundo. Somos cada um de nós que fazemos o mundo rodar. E isso é a metáfora ideal da contibuição que podemos fazer a esse mundo que passa correndo pela gente.
Mudando nossos modos , mudaremos o mundo. Mudando nossos hábitos, romperemos com o ciclo. E, assim, abriremos outro.

Concluo dizendo que a vida é um ciclo.
Uma bola, que gira e gira e gira...
E agradeço todos os dias por existir a gravidade vital.
Aquilo que nos prende aqui, que nos deixa viver e aproveitar.
Agradeça também.

Até,
O figurante.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Historias figuradas: Amigo.


Um grande amigo meu me disse que ele está prestes a morrer. Fiquei boquiaberto. Desesperado. Como assim? Tão novo e já vai morrer? Isso é contra a lei da natureza. Como pode?
Foi uma tarde muito obscura. Senão a mais obscura de toda minha vida. Ele me contava, com cara de conformidade, que como ia morrer, já estava se desfazendo de tudo para que "fosse" em paz.
Eu tinha 43 anos e ele, bem mais novo, 34. Assim como os numeros de nossas idades, eramos exatamente o contrario e tinhamos consciencia disso.. Mas dizem por aí que os opostos se atraem, e a vida nos atraiu um ao outro formando uma verdadeira amizade.
Nossos amigos eram os mesmos. A familia era como se fosse só uma também. Então sofria por perder um amigo, mas também parte da familia. Um irmão.
Sou do tipo de pessoa que não sofre por antecipação. Espero acontecer e depois, sofrer. Já ele sofria tanto que decidiu se desfazer de tudo que é laço afetivo para que o sofrimento diminuisse. Óbvio que não sumiria. Ele era teimoso e tinha suas convicções.

Primeiro seu cachorro.
Ah sim! Ele não tinha filhos. Então pode-se dizer que era um bem muito valioso para ele.
Ele me pedia para que levasse o labrador para meu sítio. É claro que eu o contestei, mas já sabia que iria ceder. Era óbvio que queria o deixar em "paz" em sua ida. Então, Ben- o cachorro- ficou comigo.

Depois seu carro.
"Você realmente quer me dar isso?" , perguntei. "Claro!". Então tá. Sem discussões. Ele ainda estava vivo, somente abatido. Não havia porque não aceitar se ele estava me dando de bom coração.

Stars, a caixa e o resto.
Já dava para perceber que ele não estava bem. Já havia marcas de expressão originarias da doença em seu rosto e corpo. Como isso pode acontecer com gente tão nova? Ainda estava indignado... mas resolvi que não ia sofrer até ele ir embora de vez. E quando ele o fizesse, eu morreria por dentro, afinal era quase um irmão.
Ele me deu seu box de colecionador do Star Wars comprado nos EUA e autografado pelo proprio George Lucas, chorando como nunca o vi chorar. Me deixou o resto das suas coisas de homem que sua mulher não podia usar, também.
No entanto, o mais interessante foi uma caixa. Sim, ele me deixou uma caixa de marmore. Pesada, mas muito refinada. Dentro, parecia ter papel e objetos. Ele me disse "só abra essa caixa quando eu morrer." Eu não disse mais nada. Somente "calma, cara. Não vai ser agora." E de novo ele começou a chorar do jeito nunca visto.

Aí ele morreu. Eu me devastei. Nunca pensei que iria ser assim. Fui pra casa, direto do enterro. Me tranquei em meu quarto e vi a caixa em cima da escrivaninhha. Peguei-a e a abri.
Tinha muitas fotos , cartas.. mas eu não estava com paciencia de le-las agora. Fui até o final da caixa e vi um bilhete. Aquele que representava a frase "só abra essa caixa quando eu morrer".

O bilhete dizia:
Amigo, eu sou o inverso de você. Você sabe disso. Eu estou morto de verdade. Isso quer dizer que você deve começar a viver de verdade também. Aproveite enquanto você pode, porque se não viver, não haverá o que me contar aqui em cima. Aí sim você vai morrer. Viva.

Seu irmão.
Obs: Use o meu carro como instrumento.


O figurante.

Complete as lacunas.


Quando tudo está bem, você até desconfia, né?! Eu não. Quando tudo tá bem, eu faço exatamente o contrario. Eu confio que tudo vai continuar bem e melhorar cada vez mais. Creio que esse possa ser um dos segredos de uma vida feliz.

Quando a vida te der um abraço, exija um beijo. E quando o ceu estiver azul, exija um sol suave.
Sempre que um amigo te der um aperto de mão, exija um bom dia. E quando estiver no jogo, faça um gol e não deixe a bola na trave. Porque não adianta viver a vida de maneira que só se viva metade. Viva-a completa. Completa de bons momentos, bons sorrisos, bons abraços, bons gols. Sem medos, só coragem.



Viva completamente.
Junte suas metades.
E complete seu album de felicidade.


O figurante.