domingo, 27 de março de 2011

Aleatório e simultâneo.

Foto/Ilustração: Yhuri Cruz.

Olho para frente e vejo: uma mesa redonda de madeira sobre o chão negro.
Olho no espelho e enxergo: uma mente em branco sobre o mundo caótico.
Olho para fora e percebo: paradoxos estão em todos os cantos desse planeta.
Olho para o umbigo e observo: um bem aqui, do outro lado do imaginário.

O transbordar: os dedos teclam o que não conseguem reter.
A conveniência: a música fala exatamente do jeito que nós queremos escutar.
O ambiente: o vento parou de soprar, deixando o mormaço.
A consequência: deixando a inquietude se espalhar de dentro e para fora.

Reflexão estalar : a parcialidade move o planeta.
Tese recém-elaborada: a paixão é muito mais vital do que a razão.
Pausa para o piscar: o negro infinita.
Reflexão censurada: no escuro, a paixão se concretiza.

Encuquei com uma expressão: 'saravá'.
Dei um basta, momentâneo : disse não para a tristeza.
Eu falei de coração: "a vida é assim mesmo".
Escrevi em simultâneo: esse poema aleatório.

Sem sentido e involuntário: psicografando a vida.
Repito meu novo vocabulário: saravá.

Saravá. sf.: pode significar "salve" ou "viva", por influência africana no idioma português do Brasil.
dum Pensante.

sábado, 19 de março de 2011

Corinne Bailey Rae.

Foto editada por Yhuri Cruz.

Impossível descrever o sentimento, o envolvimento, a fragancia, o som do baixo que a música dela transmitia. Ela cantava embalando todos ao seu redor. Todos, sem perceber, ficávamos meio boquiabertos e com os olhos cheios d'agua ao vê-la cantar. Sua aura tinha textura do melhor algodão. Aquelas músicas nos cobriam como um cobertor cobria uma criança com frio, cheio de paixão e quentura. O conjunto da obra era celestial. Seu estilo é aquele que que ela criou só pra ela. Meio soul, meio jazz, meio pop, completamente ela.
Sua música me empurra a ser melhor, mais completo e mais suave. Eu canto, longe do seu talento, toda sua poesia afinada. Sorrio a cada nota extendida, a cada doce aumento de voz. Used to feel like heaven....
Com sua música em meus ouvidos, me sinto, sim, no paraíso.
Obrigado pelo seu talento, Corinne Bailey Rae.

Pensante.



quarta-feira, 2 de março de 2011

Lembranças de um Casulo Amplificante.

Nas estrelas. (Foto: Yhuri Cruz da Silva)
Me lembro muito bem de uns dias de inverno onde passávamos as tardes abraçados embaixo de cobertores brancos, cemporcento de algodão. Era a sensação mais amplificante que eu jamais sentira antes. Dentro do nosso casulo, todo o Mundo era rua, ou melhor, Boulevard. Com simples passadas, percorríamos Roma, Veneza, Bali e todos os estados estadounidenses. Tudo isso dentro de um pequeno espaço quente e cheios de relevos arredondados.

Corríamos as curvas dos desertos do Atacama, nadávamos nas praias paradisíacas do nordeste brasileiro, abraçávamos-nos no frio perfeito de Vancouver, deliciávamos os sorvetes da Itália.

Cada sensação tão particular, afinal o mundo tem suas particularidades. E suas similaridades. Em todos os lugares pelos quais passeamos dentro do nosso casulo, encontrávamos o sincronismo, o mesmo sentimento de reciprocidade que tanto esperamos conseguir quando viajamos. Nós éramos, nós mesmos, o povo mais acolhedor que o nosso mundo casular já conheceu.

Depois de percorrermos todo o planeta a pé, ficávamos tão cansados que dormíamos em nossa terra natal, nos braços tranqüilos dos nossos respectivos corpos, o meu e o seu.

E eu te pergunto, leitor: quem disse que o amor irá limitar nossas vidas?

Do Pensante_