segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Historias figuradas: Amigo.


Um grande amigo meu me disse que ele está prestes a morrer. Fiquei boquiaberto. Desesperado. Como assim? Tão novo e já vai morrer? Isso é contra a lei da natureza. Como pode?
Foi uma tarde muito obscura. Senão a mais obscura de toda minha vida. Ele me contava, com cara de conformidade, que como ia morrer, já estava se desfazendo de tudo para que "fosse" em paz.
Eu tinha 43 anos e ele, bem mais novo, 34. Assim como os numeros de nossas idades, eramos exatamente o contrario e tinhamos consciencia disso.. Mas dizem por aí que os opostos se atraem, e a vida nos atraiu um ao outro formando uma verdadeira amizade.
Nossos amigos eram os mesmos. A familia era como se fosse só uma também. Então sofria por perder um amigo, mas também parte da familia. Um irmão.
Sou do tipo de pessoa que não sofre por antecipação. Espero acontecer e depois, sofrer. Já ele sofria tanto que decidiu se desfazer de tudo que é laço afetivo para que o sofrimento diminuisse. Óbvio que não sumiria. Ele era teimoso e tinha suas convicções.

Primeiro seu cachorro.
Ah sim! Ele não tinha filhos. Então pode-se dizer que era um bem muito valioso para ele.
Ele me pedia para que levasse o labrador para meu sítio. É claro que eu o contestei, mas já sabia que iria ceder. Era óbvio que queria o deixar em "paz" em sua ida. Então, Ben- o cachorro- ficou comigo.

Depois seu carro.
"Você realmente quer me dar isso?" , perguntei. "Claro!". Então tá. Sem discussões. Ele ainda estava vivo, somente abatido. Não havia porque não aceitar se ele estava me dando de bom coração.

Stars, a caixa e o resto.
Já dava para perceber que ele não estava bem. Já havia marcas de expressão originarias da doença em seu rosto e corpo. Como isso pode acontecer com gente tão nova? Ainda estava indignado... mas resolvi que não ia sofrer até ele ir embora de vez. E quando ele o fizesse, eu morreria por dentro, afinal era quase um irmão.
Ele me deu seu box de colecionador do Star Wars comprado nos EUA e autografado pelo proprio George Lucas, chorando como nunca o vi chorar. Me deixou o resto das suas coisas de homem que sua mulher não podia usar, também.
No entanto, o mais interessante foi uma caixa. Sim, ele me deixou uma caixa de marmore. Pesada, mas muito refinada. Dentro, parecia ter papel e objetos. Ele me disse "só abra essa caixa quando eu morrer." Eu não disse mais nada. Somente "calma, cara. Não vai ser agora." E de novo ele começou a chorar do jeito nunca visto.

Aí ele morreu. Eu me devastei. Nunca pensei que iria ser assim. Fui pra casa, direto do enterro. Me tranquei em meu quarto e vi a caixa em cima da escrivaninhha. Peguei-a e a abri.
Tinha muitas fotos , cartas.. mas eu não estava com paciencia de le-las agora. Fui até o final da caixa e vi um bilhete. Aquele que representava a frase "só abra essa caixa quando eu morrer".

O bilhete dizia:
Amigo, eu sou o inverso de você. Você sabe disso. Eu estou morto de verdade. Isso quer dizer que você deve começar a viver de verdade também. Aproveite enquanto você pode, porque se não viver, não haverá o que me contar aqui em cima. Aí sim você vai morrer. Viva.

Seu irmão.
Obs: Use o meu carro como instrumento.


O figurante.

2 comentários:

  1. Mt bom seu conto Wolf =D


    OBS: Cara quando eu morrer . ja tem um bauzinho aki já pra te dar xD ahuahuahuahuahau

    só naum sei se vo deixar o meu carro auhauhauhau

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  2. Meu Deus, Amor! Que história Linda!!
    Quero viver intensamente ao seu lado!

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