sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Atchim!, é o amor." (1)

Primeira bloghistória dividida em, no máximo, três capítulos do Blog "Do Pensante". 
CAP. 1
O homem tinha a síndrome dos sete espirros. Era um tipo de doença desconhecida e não-maligna ao corpo, porém, em certas ocasiões, era extremamente perturbadora. Tudo começava assim: todas as vezes que ele sentia um cheiro que o agradava muitíssimo, como cheiro de kiwi, por exemplo - ele adorava o cheiro cítrico de cor verde do kiwi - ele começava a espirrar. Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, ATCHIM!. Pronto... Sete vezes. Respirava e se afastava o máximo que podia do kiwi e do seu cheiro de natureza.

Ele conseguia viver tranqüilamente. Afinal, no mundo de hoje, dificilmente conseguimos sentir odores que nos agradam tanto assim. Tudo, aparentemente e olfatoriamente, está mais inodoro que o normal. As cores e os cheiros parecem estar em estado de sépia. Amarelados e monocromáticos. No entanto, de vez em quando vivemos situações de prazer físico, seja pela boa comida, odores de bons perfumes, ou até o prazer carnal, eventualmente intensos e duradouros. O homem, infelizmente ou felizmente, devido ao seu problema nasal, não vivia essas situações com tanta freqüência.

Freqüência é a grandeza física que visa medir a quantidade de eventos em um determinado intervalo de tempo. E no intervalo de um determinado ano, o homem alterou a freqüência de seus sete espirros sucessivos.  

Era janeiro e o homem foi ao centro da cidade no começo da tarde. Era quase uma hora e o sol parecia estar  ao lado dos transeuntes. No meio de todos eles, queimando-os, assando-os, fritando-os. A paisagem estava ondulada de tanto calor. Apolo* estava castigando a região. Enfim, ainda assim o homem tinha que cumprir seu dever. Ele sentia o odor das esquinas podres, das pessoas suadas, dos homens de terno que fediam a asfalto. Aquela era o tipo de situação na qual a síndrome nunca iria atacar. Tudo era fétido. Menos ela.

 
Ele não reparou quem era. Não viu a silhueta, não percebeu a cor do cabelo nem dos olhos. Não ouviu o som dos passos nem viu a etnia. Só sentiu o melhor cheiro de toda sua vida. Não era cheiro de perfume. Era um cheiro humano, cheiro de epiderme, um odor suado indescritível. Era um cheiro azul bebê. Melhor que cheiro de criança recém-nascida. Virou subitamente para trás para ver que cheiro de paz era aquele. O cheiro se encaixava na casca. Era uma das mulheres mais interessantes que ele já viu. Não era linda nem maravilhosa. Era a imagem do odor. A mulher que transmitia paz pela pele. 

Ela o olhou de modo estranho. E ele a sentiu em seu nariz. "Merda", pensou ele. Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim !, Atchim ! e ATCHIIIIMMMM! "Merda, merda, merda...". Mais uma vez, espirrou mais sete vezes. Quando recuperou o fôlego no décimo quarto espirro, a mulher já estava a uns 300 metros de distância. Ele correu atrás dela, mesmo com o nariz queimando em partículas que saíam em velocidade constante. " Da próxima vez, ponha a mão no nariz, seu panaca", pensou o homem. E continuou a correr atrás do melhor cheiro que seu nariz já captou.

Continua.... 

*Apolo, Deus do Sol na mitologia greco-romana.


3 comentários:

  1. olha,Yhuri, eu tava soh passando rapido pela net pq tinha q estudar...mas dai vi q tinha um post novo no seu blog e resolvi parar pra ler. Valeu a pena!
    Mal posso esperar pela continuação...

    bom fim de semana!
    bjooos

    ResponderExcluir
  2. *-* anciosa pelo final da história do menino athim ...ele é igual a mim so q eu não so tenhu esses ataques quando sinto um cheiro q amo tenhu todos os dias .. uahsuash muito legala ahistória irmão anciosa pelo final =D

    ResponderExcluir
  3. Hey there little!Esperando a continuação...Textos são as vezes tão íntimos como roupa de baixo,só a gente usa,mas faria algumas mudanças.Trocaria algumas palavras ''sisudas'',como ''traseuntes'' ou ''prazer carnal'';por outras mais leves,que combinassem com o estilo do texto.
    PS:tá cheio de seguidor hein,espalha nosso blog tbm né?hahha
    bjs!

    ResponderExcluir