O cenário mudou de repente. Foi numa quarta-feira que ela se foi para o interior do estado e me deixou numa aparente solidão. O que nos separa agora é uma viagem de trem, 55 minutos. Antes, somente 15 minutos à pé. Na tarde em que ela partiu eu senti que o ar entre a gente aumentava pouco a pouco, quilômetro a quilômetro.
Era diferente. Ainda que eu não a visse todos os dias da semana, gostava de pensar que ela estava ali. Na distancia de 10 minutos de corrida. Me sentia aquecido pela sua proximidade. Era confortável ter o seu amor ao alcance. Me sentia forte por mim e para ela. A qualquer momento que precisasse de mim, eu poderia estar lá. Agora, não mais.
Essa angústia diminuiu dentro de mim quando, no último fim de semana, fui conhecer seu novo lar, e percebi o quanto uma nova casa pode transformar uma pessoa. Foi um fim de semana memorável e cheio de amor. O lado bom da distancia é a saudade. O melhor é quando surpreendemo-nos pela tsunami de amor e carinho que o tempo e a distancia nos proporciona ao rever os olhos e a pele da pessoa amada.

Toda relação se inicia continuamente conforme o ambiente muda. Eu estou vivendo um novo cenário. Um cenário nem melhor nem pior. Apenas complexo o bastante para ser vivido calmamente e com muita paciência. Os quilômetros nem sempre separam as pessoas. Pelo contrário, eles agem contra a própria natureza distanciadora, tornando-se aproximadores do coração. Esse é o efeito colateral da mudança para aqueles que se amam: enquanto os corpos sentem a distancia, o coração só converge para uma explosão de alegria no reencontro.
Ainda assim, preferia você aqui. Perto de mim. Mas eu sobrevivo.
Pensante.
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