terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ciclo interrompido.

Sobre o ar que o envolve, ele não o sente mais. Não se respira mais. Só se expira.
A paisagem, antes viva, agora borrão, junto com o sentimento que ele nutria pelas árvores, passa despercebida.
A velocidade não serve mais para emoção. Virou constante, corriqueira, um piscar.
O silêncio é exceção à regra de sua vida desregrada. O barulho da música que ele escuta virou trilha sonora para as tardes, que antes, eram repletas de (....) e (....). Afinal, o que realmente importava.
E as pessoas que com ele viviam, sumiram no vulto que sua vida se transformou.
Silhuetas passam diversas vezes ao seu redor, ele olha, mas não reconhece. Porque todos os seus sentidos diminuíram com o aumento do ritmo de demanda vital.
Se ele percebesse que o não-viver é tão importante quanto o viver, (vi) veria melhor.
Nunca é tarde. Tudo é um ciclo. Ele deve quebrar para consertar.
Ele deve fechar um para abrir outro.
Um ciclo pode, sim, ser quebrado.

Pensante.

3 comentários:

  1. É lindo, porque vc sempre escreve aquilo que eu preciso ler. Porque seus textos me completam, como se você soubesse os sentimentos que se passam aqui dentro. Ainda ontem pensei sobre os ciclos que envolvem nossa vida. E sobre como devemos saber que eles todos um dia se encerram.
    Maravilhoso o texto!!!

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  2. "Sobre o ar que o envolve, ele não o sente mais. Não se respira mais. Só se expira."
    Meu verso preferido,little!
    Precisamos revitalizar o Palavrantes.
    Meu conto tá se desenvolvendo,sua ilustração sobre ele ficaria perfeita!

    Bisou

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  3. (radar passando por aqui) Lindo texto,Meu lindoooooo!

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